quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cosac & Naify


Estou apaixonada por uma editora.

Este ano pude passar algumas noites com 2 livros da colecção Prosa do Mundo da Cosac & Naify: Niels Lyhne e Thérèse Desqueyroux. Foram noites de euforia. Primeiro, o aspecto sensorial do livro: livros de capa dura, com sobrecapas lindas, papel macio, que apetece deitar no colo. Depois, cada edição tem apresenta textos introdutórios de outro autor (no caso de Niels Lyhne, o brilhante ensaio «As Moedas da Vida» de Claudio Magris; em Thérèse D., o belo prefácio de Carlos Drummond de Andrade, tradutor do romance).  Como apêndice, o livro de Mauriac acrescenta também a conferência «O Romancista e seus personagens», proferida pelo autor em 1932. E para terminar tão faustosa refeição, um bombom final: sugestões de leitura.

A Cosac & Naify é uma editora brasileira com pouca ou nenhuma representação em Portugal. A minha amiga carioca diz-me que são livros de luxo. E então pus-me a pensar no mercado editorial português e nas raras vezes em que um livro me delicia pela sua faceta de objecto e pela edição cuidada. Chego à conclusão que não temos nenhuma editora de luxo, apesar de algumas esporádicas edições. E parece-me óbvio que com as recentes inovações do mercado editoral e a profusão de ebooks, este sector terá de evoluir também por aí, à semelhança do vinil.

Embora reconheça as vantagens de uma biblioteca leve num Kindle, acredito que jamais deixaremos de ser uma cultura do livro: este será sempre um objecto erótico para os seus amantes dedicados.

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