No fundo da garrafa, a liberdade.
"Os castanheiros inclinavam-se e erguiam-se com um sussurro enlouquecido. O vento secava as lágrimas de Hélène e fazia-lhe arder os olhos; parecia atravessar-lhe a cabeça, mais calma e leve, e aquecia-lhe o sangue. Tirou o chapéu, fê-lo girar entre as mãos, deitou a cabeça para trás e, de repente, com inexprimível assombro, percebeu que estava a sorrir, que esticava devagarinho os lábios para reter e saborear a rajada sibilante que passava.
«Não tenho medo da vida», pensava. «Foram anos de aprendizagem. Foram extraordinariamente duros, mas temperaram a minha coragem e o meu orgulho. Isso é meu, é a minha inalienável riqueza. Estou só, mas a minha solidão é ávida e inebriante.»
Irène Némirovski, O Vinho da Solidão
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