sábado, 11 de janeiro de 2020

Dos ofícios extintos e dos cultos que interessam verdadeiramente




No Epiro, no Nordeste da Grécia, crescia o carvalho sagrado de Dodona, através do qual se exprimia a voz de Zeus. É por intermédio de Pausânias, que cita um texto do século ii a.c., que ficamos a conhecer o ritual observado em redor do famoso carvalho de Dodona, mencionado por Sófocles e Platão: «Em Dodona, havia um carvalho consagrado a Zeus, e nesse carvalho havia um oráculo de que as mulheres eram profetisas. Os consulentes aproximavam-se do carvalho e a árvore agitava-se por uns instantes, e depois as mulheres tomavam a palavra, dizendo: “Zeus, anuncia isto ou aquilo.” Havia sacerdotisas, designadas por Plêiades ou Peristeras, que interpretavam o frémito das folhas. Como a região estava sujeita a violentas tempestades, o rosnar dos trovões e os raios revelavam de forma espectacular a intervenção de Zeus.» A par deste exemplo clássico muito conhecido, pensemos no culto das árvores, presente em todo o lado entre os povos europeus, segundo Frazer. Assim, «os lituanos não foram convertidos ao cristianismo antes de finais do século xiv e, na época da sua conversão, o culto das árvores ocupava entre eles um lugar importante. Uns adoravam carvalhos grandiosos e outros, árvores enormes e frondosas, de que recebiam respostas oraculares.»

Robert Dumas, TRATADO DA ÁRVORE – ENSAIO DE UMA FILOSOFIA OCIDENTAL, Assírio & Alvim, 2007

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