domingo, 8 de novembro de 2020

«Longa é a noite, señor. Longa, sombria e fria.»

 


Venho aqui chamar a vossa atenção para um livro precioso publicado em Dezembro de 2014 e que parece ter passado despercebido: O VISITANTE DA NOITE & OUTROS CONTOS, de B. Traven.

«Disse-se de B. Traven que seria Jack London, Ambrose Bierce ou Arthur Cravan. Somente em 1969, quando as suas cinzas repousaram num rio em Chiapas, foi identificado como Ret Marut, uma revolucionário alemão que se fixara no México em 1924. Autor d’O Barco dos Mortos (1926) e d’O Tesouro da Sierra Madre (1927) – adaptado ao cinema por John Huston –, pertence a uma linhagem de aventureiros e contistas natos, cuja geografia de vida é tão insondável como as paragens que elegem. Traven publicou folhetins em jornais alemães e, depois de ter tecido críticas virulentas ao militarismo germânico, entrou na clandestinidade em 1919. Reemergiu em Londres, em 1923, e, na iminência de ser deportado para a Alemanha e fuzilado, embarcou para o México. Neste país, ao panfletário Ret Marut, sucederia, em definitivo, o escritor B. Traven, ao lado dos oprimidos, apontando a via da esperança e da libertação e arquitectando o seu anonimato tão ciosamente como os seus livros.»

Para além de uma breve nota sobre o autor, esta edição apresenta uma selecção de 11 contos de B. Traven. São todos muito bons, imbuídos do imaginário e folclore desse México simultaneamente festivo e sombrio, dócil e violento, que para além de um país se constitui também como um território vital da alma. Gostei particularmente do conto que intitula a antologia – O VISTANTE DA NOITE – bem como de «Chamada Nocturna», «Macario», «Amizade» e «A História de Uma Bomba» e, acima de todos, «Linha de Montagem», o melhor conto alguma vez escrito sobre o capitalismo e a sua potência destruidora do anímico.

Ide ler, amigos, é um livro do caralho!

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