domingo, 25 de abril de 2021
This Be the Verse
They fuck you up, your mum and dad.
domingo, 18 de abril de 2021
Juan Rulfo
"Romance misterioso, místico, sussurrante, murmurante, que muge e mudo, PEDRO PÁRAMO concentra assim todas as sonoridades mortas do mito. Mito e morte: estes são os dois «emes» que coroam todos os outros antes de coroarem o próprio nome do México: romance mexicano essencial, insuperado e insuperável, PEDRO PÁRAMO resume-se no espectro do nosso país: um murmúrio de pó do outro lado do rio da morte.
(...)
Rulfo, como Job no sonho da tumba, escreve um romance poemático no qual não cabe fazer a distinção entre hypnos e thanatos, entre o sonho e a morte. A educação de Juan Preciado, que não é uma educação sentimental nem um Bildungsroman, mas sim um Totensroman, um romance para a morte e um Angsttraum, um sonho para o medo, consistiu em viajar até à origem para chegar ao pai e descobrir que o pai é história e a história é injusta e que o pai, o chefe, o conquistador, deve morrer para ingressar no eterno presente, que é a morte."
Carlos Fuentes
Li PEDRO PÁRAMO há uns anos. Era Verão - a estação que melhor casa com a morte, segundo De Quincey - e eu passava alguns dias em Alter do Chão, terra de cavalos e um pequeno castelo. No centro da vila, de dia ou de noite, muito raramente se avistava vivalma; de maneira que, curiosamente, no meu espírito também se criou uma colusão simbólica e sempre que penso em Comala, a primeira imagem que me vem é a dessa vila alentejana.
É um livro difícil e árido, uma descida aos infernos. Lê-se como quem sonha um pesadelo ou como quem atravessa um deserto delirante, sem réstia de água ou esperança. A mensagem subconsciente que nos traz é tanto metafísica como política (a mãe é essa terra colonizada, massacrada, essa madre ofendida que está tão presente no calão da América Latina). E sei que se trata de um livro fundador para o realismo mágico que tanto aprecio, mas não posso dizer que tenha entrado no meu panteão. Mais tarde, vim a comprar na Cidade do México a antologia EL LLANO EN LLAMAS e posso dizer que prefiro o Rulfo contista. Digo-o com pena pois sei que há em PEDRO PÁRAMO um arquétipo poderoso com o qual me poderia relacionar mas falhei o encontro. Culpa dos banhos e festas de aldeia?
sábado, 10 de abril de 2021
Yo soy mi propia casa
I
Casa redonda teníade redonda soledad:
el aire que la invadía
era redonda armonía
de irrespirable ansiedad.
Las mañanas eran noches,
las noches desvanecidas,
las penas muy bien logradas,
las dichas muy mal vividas.
Y de ese ambiente redondo,
redondo por negativo,
mi corazón salió herido
y mi conciencia turbada.
Un recuerdo mantenido:
redonda, redonda nada.
II
Escaleras sin peldaños
mis penas son para mí,
cadenas de desengaños,
tributos que al mundo dí.
Tienen diferente forma
y diferente matiz,
pero unidas por los años,
mis penas, o mis engaños,
como sucesión de daños,
son escaleras en mí.
III
De mi esférica idea de las cosas,
parten mis inquietudes y mis males,
pues geométricamente, pienso iguales
lo grande y lo pequeño, porque siendo,
son de igual importancia; que existiendo,
sus tamaños no tienen proporciones,
pues no se miden por sus dimensiones
y sólo cuentan, porque son totales,
aunque esféricamente desiguales.
IV
Me estoy volcando hacia fuera
y ahogándome estoy por dentro.
El mundo es sólo una esfera,
y es al mundo al que pidiera
totalidad, que no encuentro.
Totalidad que debiera
yo, en mí misma, realizar,
a fuerza de eliminar
tanta pasión lastimera;
de modo que se extinguiera
mi creciente vanidad
y de este modo pudiera
dar a mi alma saciedad.
V
De mi barroco cerebro,
el alma destila intacta;
en cambio mi cuerpo pacta
venganzas contra los dos.
Todo mi sér en pos
de un final que no realiza;
mas ya mi alma se desliza
y a los dos ya los libera,
presintiéndoles ribera
de total penetración
VI
Yo soy cóncava y convexa;
dos medios mundos a un tiempo:
el turbio que muestro afuera,
y el mío que llevo dentro.
Son mis dos curvas-mitades
tan auténticas en mí,
que a honduras y liviandades
toda mi esencia les dí.
Y en forma tal conviví
con negro y blanco extremosos,
que a un mismo tiempo aprendí
infierno y cielo tortuosos.