Na cabeça:
um par de asas atrofiadas
chamuscadas
um par de asas atrofiadas
chamuscadas
pela pretensão
de tudo poder compreender
pela dor.
pela dor.
É preciso cair.
Nas mãos:
o susto de estar viva
numa terra vermelha
e hostil.
A volúpia
da vertigem
nas têmporas.
É preciso aprender
numa terra vermelha
e hostil.
A volúpia
da vertigem
nas têmporas.
É preciso aprender
o orgulho ferido
e a humilhação.
Cair: é preciso.
Mutar o medo
que arranha
a pele parda e anémica
em carícia
que arranha
a pele parda e anémica
em carícia
e cair em si.
E,
então,
gritar com fúria certa:
“eis-me aqui, cansada,
então,
gritar com fúria certa:
“eis-me aqui, cansada,
pronta para começar a caminhar”.
Só o poeta pode trepar,
Feridas,
Rasgões
e estilhaços acima,
Até ao milagre das andorinhas retornadas.
E tudo compreender pela alegria.
Feridas,
Rasgões
e estilhaços acima,
Até ao milagre das andorinhas retornadas.
E tudo compreender pela alegria.
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