“Deito-me
junto a ela, a seu corpo impenetrável. Reconheço seu cheiro. Acaricio-a sem
olhá-la.
- Ai,
você está me machucando!
Continuo.
No tocar reconheço as ondulações de um corpo de mulher. Desenho flores em cima.
Ela não se queixa mais. Não se mexe mais, lembra-se provavelmente de que está
com o amante de Tatiana Karl.
Mas de
repente ela duvida enfim dessa identidade, a única que ela reconhece, a única
que sempre alegou pelo menos durante o tempo em que a conheci. Ela diz:
-
Quem é?
Geme,
pede-me que o diga. Digo:
-
Tatiana Karl, por exemplo.
Extenuado,
quase sem forças, peço-lhe que me ajude:
Ela me
ajuda. Ela sabia. Quem fora antes de mim? Nunca saberei. Pouco se me dá.
Depois,
aos gritos, ela insultou, suplicou, implorou que a pegasse e a largasse ao
mesmo tempo, acossada, procurando fugir do quarto, da cama, voltando para
fazer-se capturar, sabida, e não houve mais diferença entre ela e Tatiana Karl,
excepto em seus olhos isentos de remorso e na designação que fazia de si mesma –
Tatiana, quanto a ela, não se designa pelo nome -, e nos dois nomes que ela se
dava: Tatiana Karl e Lol V. Stein.”
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