Estou apaixonada por uma editora.
Este ano pude passar algumas
noites com 2 livros da colecção Prosa do Mundo da Cosac & Naify: Niels Lyhne e Thérèse
Desqueyroux. Foram noites de euforia. Primeiro, o aspecto sensorial do livro:
livros de capa dura, com sobrecapas lindas, papel macio, que apetece deitar no
colo. Depois, cada edição tem apresenta textos introdutórios de outro autor (no
caso de Niels Lyhne, o brilhante ensaio «As Moedas da Vida» de Claudio Magris;
em Thérèse D., o belo prefácio de Carlos Drummond de Andrade, tradutor do
romance). Como apêndice, o livro de
Mauriac acrescenta também a conferência «O Romancista e seus personagens», proferida
pelo autor em 1932. E para terminar tão faustosa refeição, um bombom final:
sugestões de leitura.
A Cosac & Naify é uma editora
brasileira com pouca ou nenhuma representação em Portugal. A minha amiga
carioca diz-me que são livros de luxo. E então pus-me a pensar no mercado
editorial português e nas raras vezes em que um livro me delicia pela sua
faceta de objecto e pela edição cuidada. Chego à conclusão que não temos
nenhuma editora de luxo, apesar de algumas esporádicas edições. E parece-me óbvio que com as recentes inovações do
mercado editoral e a profusão de ebooks, este sector terá de evoluir também por
aí, à semelhança do vinil.
Embora reconheça as vantagens de
uma biblioteca leve num Kindle, acredito que jamais deixaremos de ser uma
cultura do livro: este será sempre um objecto erótico para os seus amantes
dedicados.
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