domingo, 19 de junho de 2016
espelho meu, espelho meu...
«Ardentemente cobiçados, não ultrapassando o tamanho de um prato, os espelhos são durante muito tempo o símbolo do luxo aristocrático, o instrumento das aparências. Servindo de traço de união entre natura e cultura, educam o olho e dão apoio às lições de boas maneiras. Do ver-se ao espelho decorrem não só o gosto pelo adorno e a atenção aos sinais da representação e da hierarquia social, como também uma nova geografia do corpo, que revela imagens desconhecidas – de costas, de perfil – e estimula o sentimento de pudor e de autoconsciência. Durante a Revolução Francesa, uma grande dama, quando a vêm deter a casa, não pensa em levar consigo para a prisão senão dois objectos: "Instintivamente, peguei num pequeno espelho com uma moldura de cartão e num par de sapatos novos." Na indigência do cárcere, a sua imagem é o único bem que ela possui, e esta derradeira coqueteria representa também o ser senhora de si própria.»
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