"Nesse momento, Pereira lembrou-se de uma frase que o seu tio, que era um literato falhado, lhe repetia sempre, e pronunciou-a. Disse: a filosofia parece ocupar-se só da verdade, mas talvez diga só fantasias, e a literatura parece ocupar-se só de fantasias, mas talvez diga a verdade."
"E quando o doutor Cardoso passou a porta e desapareceu na rua sentiu-se só, verdadeiramente só, e pensou que quando estamos verdadeiramente sós é o momento de nos medirmos com o nosso eu hegemónico que procura impor-se à corte das almas. Mas apesar deste pensamento não se sentiu apaziguado, pelo contrário, sentiu uma grande saudade, não saberia dizer de quê, mas era uma grande saudade de uma vida passada e de uma vida futura, afirma Pereira."
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