quarta-feira, 11 de março de 2009

O Deserto dos Tártaros



O maior dos luxos está em dispor de tempo – um tempo próprio. Mas o tempo, como já foi dito, é um material perigoso nas mãos de quem não o sabe manejar. Termina-se a leitura de O Deserto dos Tártaros de Dino Buzatti e sentimos o tempo a escorrer pelos nossos dedos, a urgir na sua finitude. Com angústia, percebo pela primeira vez que também eu vou morrer – racionalmente sei que todos morrermos, mas tinha a esperança de que seja algo que só acontece aos outros, afinal a nossa experiência da morte é sempre através da morte dos outros. E temo o desperdício, o deserto donde nada virá a tempo. Medo de não conseguir calvagar o tempo. Medo de perder tempo.
«Terá ainda tempo, Drogo, para vê-la, ou partirá antes? A porta do quarto palpita com um leve estalido. Talvez seja um sopro de vento, um simples remoinho destas noites irrequietas de Primavera. Ou então, talvez seja ela que entrou, com passo silencioso, e agora aproxima-se da poltrona de Drogo. Fazendo um esforço, Giovanni endireita um pouco o busto, ajeita com a mão o colarinho do uniforme, deita mais um olhar para fora da janela, uma olhadela muito breve para arrecadar o seu derradeiro quinhão de estrelas. Depois, no escuro, embora ninguém o veja, sorri.»

1 comentário:

quETzalcoatl disse...

olá pgn!

espero-te bem...
acabei de ler o blogue todo
e já vou a meio da tua tese

perdemos a nossa fábrica de sonho
em barcelona
portanto anda tudo meio tremido

mas

nunca aprendi tanto
em tão pouco tempo
neste tão súbita vida

perdi o teu mail entretanto
portanto aqui vai o meu

jmeiras3604@yahoo.com

conta-me as coisas que te apeteçam
contar por computador, projectos,
depois respondo com os textos
psicadélicos que sei que queres...

tudo de boom :)


meiras.