quarta-feira, 10 de julho de 2013

iluminações profanas



“Agora é como se alguma coisa me levasse pela mão (…). É como se nos indicassem as palavras foneticamente. Aqui há ligação automática. Há coisas que tomam a palavra sem pedir autorização para isso. E isso vai até às mais altas esferas. Há uma senha silenciosa, com a qual certas coisas agora atravessam o portão.” 

“Para nos aproximarmos dos mistérios de felicidade no êxtase teríamos de reflectir sobre o fio de Ariadne. Que prazer no simples acto de desenrolar um novelo! Um prazer que tem afinidades profundas, quer com o do êxtase, quer com o da criação. Avançamos, mas, ao avançar, não só descobrimos os meandros da caverna em que nos aventurámos, como também desfrutamos dessa felicidade do descobridor apenas através daquela outra que consiste em desenrolar um novelo. Essa certeza que nos é dada pelo novelo engenhosamente enrolado que nós desenrolamos não será essa a felicidade de toda a produtividade, pelo menos daquela que tem forma de prosa? E no haxixe somos seres de prosa e de prazer da mais alta potência.”

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