Venho aqui chamar a vossa atenção para
um livro precioso publicado em Dezembro de 2014 e que parece ter passado
despercebido: O VISITANTE DA NOITE & OUTROS CONTOS, de B. Traven.
«Disse-se de B. Traven que seria Jack
London, Ambrose Bierce ou Arthur Cravan. Somente em 1969, quando as suas cinzas
repousaram num rio em Chiapas, foi identificado como Ret Marut, uma
revolucionário alemão que se fixara no México em 1924. Autor d’O Barco dos Mortos (1926) e d’O Tesouro da Sierra Madre (1927) –
adaptado ao cinema por John Huston –, pertence a uma linhagem de aventureiros e
contistas natos, cuja geografia de vida é tão insondável como as paragens que
elegem. Traven publicou folhetins em jornais alemães e, depois de ter tecido
críticas virulentas ao militarismo germânico, entrou na clandestinidade em
1919. Reemergiu em Londres, em 1923, e, na iminência de ser deportado para a
Alemanha e fuzilado, embarcou para o México. Neste país, ao panfletário Ret
Marut, sucederia, em definitivo, o escritor B. Traven, ao lado dos oprimidos,
apontando a via da esperança e da libertação e arquitectando o seu anonimato
tão ciosamente como os seus livros.»
Para além de uma breve nota sobre o
autor, esta edição apresenta uma selecção de 11 contos de B. Traven. São todos
muito bons, imbuídos do imaginário e folclore desse México simultaneamente
festivo e sombrio, dócil e violento, que para além de um país se constitui
também como um território vital da alma. Gostei particularmente do conto que
intitula a antologia – O VISTANTE DA NOITE – bem como de «Chamada Nocturna»,
«Macario», «Amizade» e «A História de Uma Bomba» e, acima de todos, «Linha de
Montagem», o melhor conto alguma vez escrito sobre o capitalismo e a sua
potência destruidora do anímico.
Ide ler, amigos, é um livro do caralho!
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