Descobri o Daniel Faria na semana passada, graças a um
espectáculo de Pablo Fidalgo no Teatro D. Maria II na semana passada. Ao ver
algumas das obras plásticas do poeta, gentilmente emprestadas pelo Mosteiro de
Singeverga (como por exemplo os 24 pássaros contra todas as ausências),
pressenti que assomava ali um daqueles mistérios cujo convite tanto procuro. No
dia seguinte, fui à biblioteca para conhecer mais da sua poesia. Para quem anda
tão desatento como eu, aqui fica um artigo interessante: https://www.publico.pt/noticias/jornal/daniel-faria-o-rapaz-raro-159820
Homens que
são como lugares mal situados
Homens que
são como casas saqueadas
Que são como
sítios fora dos mapas
Como pedras
fora do chão
Como crianças
órfãs
Homens sem
fuso horário
Homens
agitados sem bússola onde repousem
Homens que
são como fronteiras invadidas
Que são como
caminhos barricados
Homens que
querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados
por todos os destinos
Desempregados
das suas vidas
Homens que
são como a negação das estratégias
Que são como
esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados
abrindo-se com facas
Homens que
são como danos irreparáveis
Homens que
são sobreviventes vivos
Homens que
são como sítios desviados
Do lugar
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