“As minhas emoções iniciais tinham sido de
pura melancolia e sincera compaixão; mas, à medida que a noção do desamparo de
Bartleby se agigantou na minha imaginação, essa melancolia transformou-se em
medo, e a compaixão em repulsa. É muito verdade, e também terrível que, até
certo ponto, a evocação ou o espectáculo da infelicidade convoca os nossos
melhores sentimentos; mas em certos casos, e para lá de certo ponto, deixa de
ter esse efeito. Erra quem atribui invariavelmente este facto ao inerente
egoísmo do coração humano. Ele provém antes do desespero em remediar um mal
excessivo e de natureza orgânica. Para uma criatura sensível, a compaixão
representa amiúde o mesmo que sofrimento. E quando por fim compreendemos que
essa compaixão não pode gerar um auxílio efectivo, o senso comum manda que nos
livremos dela.”
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