No
Epiro, no Nordeste da Grécia, crescia o carvalho sagrado de Dodona, através do
qual se exprimia a voz de Zeus. É por intermédio de Pausânias, que cita um
texto do século ii a.c., que
ficamos a conhecer o ritual observado em redor do famoso carvalho de Dodona,
mencionado por Sófocles e Platão: «Em Dodona, havia um carvalho consagrado a
Zeus, e nesse carvalho havia um oráculo de que as mulheres eram profetisas. Os consulentes
aproximavam-se do carvalho e a árvore agitava-se por uns instantes, e depois as
mulheres tomavam a palavra, dizendo: “Zeus, anuncia isto ou aquilo.” Havia sacerdotisas,
designadas por Plêiades ou Peristeras, que interpretavam o frémito das folhas. Como
a região estava sujeita a violentas tempestades, o rosnar dos trovões e os
raios revelavam de forma espectacular a intervenção de Zeus.» A par deste
exemplo clássico muito conhecido, pensemos no culto das árvores, presente em
todo o lado entre os povos europeus, segundo Frazer. Assim, «os lituanos não
foram convertidos ao cristianismo antes de finais do século xiv e, na época da sua conversão, o
culto das árvores ocupava entre eles um lugar importante. Uns adoravam
carvalhos grandiosos e outros, árvores enormes e frondosas, de que recebiam
respostas oraculares.»
Robert
Dumas, TRATADO DA ÁRVORE – ENSAIO DE UMA FILOSOFIA OCIDENTAL, Assírio & Alvim, 2007
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