«É este o paradoxo do vermelho, que já não é a
nossa cor preferida, que se torna cada vez mais discreto no nosso quotidiano,
que em muitos campos é ultrapassado pelo azul, talvez mesmo pelo verde, mas que
continua a ser simbolicamente o mais forte. Estranho destino para uma cor vinda
de tão longe e tão carregada de sentidos, de lendas e de sonhos!»
Nenhuma cor se compara ao vermelho; é a cor
arquetípica, a primeira a ser dominada e reproduzida pela humanidade em
pinturas parietais e adornos corporais. Vinculado ao fogo e ao sangue desde
épocas remotas, o vermelho desdobra-se num labirinto cromático particularmente
fecundo e ambivalente: cor do Graal e do amor nos romances de cavalaria, cor do
Capuchinho Vermelho, será também a cor dos proscritos, das forças do mal,
indiciando perigos e interdições. Marginalizado por Newton e renegado pela
Reforma protestante, o vermelho perde o seu estatuto de primeira cor e torna-se
demasiado vistoso, e até imoral. Permanecerá, no entanto, como a cor do
erotismo, da alegria e da revolução.
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