quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Uma espiã na casa do amor



«Vestida de vermelho e prata, ela evocava os sons e imagens dos carros de bombeiros, quando rasgavam as ruas de Nova York, inquietando o coração com o violento gongo da catástrofe; toda vestida de vermelho e prata, o impetuoso vermelho e prata cortando caminho através da carne. Na primeira vez que ele olhou para ela, sentiu: Tudo se vai incendiar!
Do vermelho e prata e do longo grito de alarme ao poeta que sobrevive em todo o ser humano, enquanto a criança nele sobrevive; a esse poeta, ela atirou uma inesperada escada no meio da cidade e ordenou: “Suba!”
(…)
Ela era compelida por uma febre confessional que a forçava a levantar um canto do véu, e então amedrontava-se quando alguém ouvia muito atentamente. Repetidas vezes, pegava numa esponja gigantesca e apagava tudo o que havia dito pela negação absoluta, como se essa confusão fosse em si um manto de protecção.»

Um livro mediano. Nada de especial: nem facadas no peito nem picos no pipi.

2 comentários:

nádia c. disse...

achei totalmente o contrário da sua análise final. Recebi várias facadas no peito.Mas é questão de identificação.

Madame Bovary disse...

Retroactivamente também me identifiquei, nádia. Mas senti que a facada já não podia ser funda, o livro não me acertava no tempo certo. Enfim, em cada leitura subjectiva coabitam várias subjectividades. Fico feliz que te tenha acertado a ti e até com pena de não o ter lido quando o podia fazer. um beijo e obrigada por me ler e comentar