sexta-feira, 10 de novembro de 2017

zero killed



Parece que sou das poucas pessoas que continuam a requisitar livros na biblioteca. Como não consigo comprar todos os livros que me interessam, uso a biblioteca para poder passar alguns dias com livros esgotados ou com livros que despertam a minha curiosidade mas não tenho a certeza de querer adquirir. Na última leva, trouxe dois livros do Geoff Dyer – YOGA PARA PESSOAS QUE NÃO ESTÃO PARA FAZER YOGA e MAS É BONITO – e AS COISAS QUE OS HOMENS ME EXPLICAM, de Rebecca Solnit.

Comecei pelo YOGA PARA PESSOAS QUE NÃO ESTÃO PARA FAZER YOGA e li-o até ao fim, com perseverança. O autor é culto, descontraído e a atmosfera masculina e cheia de experiências com drogas manteve-me na expectativa. Mas não passou daí. É um livro indolor, que não me acrescentou muita coisa. Devia ter desconfiado logo quando vi as doze (!) citações marketeiras dispersas pelo plano da capa. Uma delas reza assim: “Se Hunter S. Thompson, Roland Barthes, Paul Theroux e Sylvia Plath fossem de férias no mesmo corpo, talvez inventassem algo deste género. Há muito que não lia um livro tão divertido. É o meu livro do ano.” E para apimentar ainda mais a coisa, a autoria deste excerto é atribuída ao Independent on Sunday (who the fuck!) Bem-vindos à época em que o que ajuda a vender livros são pregões e não a alta literatura!



Embora ache que o Geoff Dyer não seja um autor mau, mas apenas OK (meaning: zero killed), decidi prescindir da leitura de MAS É BONITO (uma frase que eu digo muitas vezes) e segui para a leitura do aclamado livro da Rebecca Solnit. Embora desta vez não tenha sido uma menina tão bem-comportada. Três ensaios bastaram para me aperceber que embora a autora maneje autores e referências algo eruditas, o seu estilo não atinge a profundidade com que desejo desafiar-me. Interessava-me sobretudo ler o que tinha escrito sobre o mansplaining (porque a mim também me acontece muitas vezes os homens me explicarem coisas que eu sei melhor que eles) mas fiquei com a ideia de que o grande mérito do seu artigo foi mesmo o de cunhar esse termo que depois se tornou mais interessante com a sua própria disseminação.


Resumindo, desculpem se me assemelho ao velho do Restelo, mas desinteresso-me cada vez mais dos contemporâneos.

1 comentário:

Mau-tempo disse...

gracias pelas poupanças :) vou continuar pelos clássicos falecidos