Parece que sou das poucas pessoas que continuam a requisitar
livros na biblioteca. Como não consigo comprar todos os livros que me interessam,
uso a biblioteca para poder passar alguns dias com livros esgotados ou com
livros que despertam a minha curiosidade mas não tenho a certeza de querer
adquirir. Na última leva, trouxe dois livros do Geoff Dyer – YOGA PARA PESSOAS
QUE NÃO ESTÃO PARA FAZER YOGA e MAS É BONITO – e AS COISAS QUE OS HOMENS ME EXPLICAM,
de Rebecca Solnit.
Comecei pelo YOGA PARA PESSOAS QUE NÃO ESTÃO PARA FAZER YOGA e
li-o até ao fim, com perseverança. O autor é culto, descontraído e a atmosfera
masculina e cheia de experiências com drogas manteve-me na expectativa. Mas não
passou daí. É um livro indolor, que não me acrescentou muita coisa. Devia ter
desconfiado logo quando vi as doze (!) citações marketeiras dispersas pelo
plano da capa. Uma delas reza assim: “Se Hunter S. Thompson, Roland Barthes,
Paul Theroux e Sylvia Plath fossem de férias no mesmo corpo, talvez inventassem
algo deste género. Há muito que não lia um livro tão divertido. É o meu livro
do ano.” E para apimentar ainda mais a coisa, a autoria deste excerto é
atribuída ao Independent on Sunday (who the fuck!) Bem-vindos à época em que o
que ajuda a vender livros são pregões e não a alta literatura!
Embora ache que o Geoff Dyer não seja um autor mau, mas apenas
OK (meaning: zero killed), decidi prescindir da leitura de MAS É BONITO (uma frase que eu digo muitas vezes) e
segui para a leitura do aclamado livro da Rebecca Solnit. Embora desta vez não
tenha sido uma menina tão bem-comportada. Três ensaios bastaram para me
aperceber que embora a autora maneje autores e referências algo eruditas, o seu
estilo não atinge a profundidade com que desejo desafiar-me. Interessava-me
sobretudo ler o que tinha escrito sobre o mansplaining
(porque a mim também me acontece muitas vezes os homens me explicarem coisas
que eu sei melhor que eles) mas fiquei com a ideia de que o grande mérito do
seu artigo foi mesmo o de cunhar esse termo que depois se tornou mais
interessante com a sua própria disseminação.
Resumindo, desculpem se me assemelho ao velho do Restelo, mas
desinteresso-me cada vez mais dos contemporâneos.
1 comentário:
gracias pelas poupanças :) vou continuar pelos clássicos falecidos
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