sábado, 26 de setembro de 2015

O companheiro de viagem


O que haveria no interior das casas que impedia as pessoas de sair correndo para as ruas, a chorar, como se despertasse a consciência de que não valia a pena viver? O que perpetuava nelas a vida e permitia que sobrevivessem às noites geladas, solitárias e tristes, quando a neve congelava sobre a janela, a escuridão era a mesma dos túmulos, a cama lembrava um caixão, enquanto ficavam deitadas, insones, rangendo os dentes, porque uma mosca que dormia seu sono invernal despencara do tecto sobre o nariz? O que animava a espera sem sentido pela manhã? O que haveria amanhã – santa missa, casamento ou morte – em cujo nome seria digno passar às golfadas a noite gélida, longa e amarga, quando o relógio da torre mal batia as horas?


Esta novela foi a minha introdução ao escritor húngaro Gyula Krúdy. Não me cativou por aí além. Talvez a tradução brasileira não fosse o melhor umbral. Para tirar teimas, adquiri  Sunflower.

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