Escrevo da terra das feias, para as feias,
as velhas, as machonas, as frígidas, as malfodidas, as infodíveis, as
histéricas, as taradas, todas as excluídas do grande mercado das gajas boas. E começo
por aqui para que as coisas sejam claras: não peço desculpa de nada, não me
venho lamentar. Não troco o meu lugar com ninguém, porque ser Virginie
Despentes parece-me uma tarefa mais interessante de cumprir do que qualquer
outra.
Acho óptimo que haja também mulheres que
gostam de seduzir, que sabem seduzir, outras arranjar marido, mulheres que
cheiram a sexo e outras a bolo do lanche das crianças que saem da escola. E óptimo
que haja umas muito meigas, outras esfuziantes na sua feminilidade, que haja
mulheres jovens, muito belas, outras vaidosas e flamantes. A sério que fico
muito contente por todas aquelas a quem as coisas tal como são convêm. Acontece,
porém, que não me integro nesse grupo (…). É na minha qualidade de proletária
do feminismo que falo, que falei ontem e que recomeço hoje (…). Sou o tipo de
mulher com quem não se casa, com quem não se tem um filho, falo da minha
posição de mulher que é sempre demasiado em tudo o que é, demasiado agressiva,
demasiado ruidosa, demasiado grosseira, demasiado brutal, demasiado hirsuta,
sempre demasiado viril, dizem-me. Porém, são as minhas qualidades viris que
fazem de mim qualquer coisa diferente de um caso social entre os outros. Tudo de
que gosto da minha vida, tudo o que me salvou, devo-o à minha virilidade.
2 comentários:
:)
Não podíamos estar em leituras mais divergentes.
Leio as cartas de Abelardo e Heloísa.
Beijinhos.
:)
E recomendas?
Agora ando a ler AS VOZES DE CHERNOBYL. Comecei ontem e, apesar de duro, já me cativou. Aquele povo russófono é qualquer coisa.
Tenho de te escrever. Fá-lo-ei em breve.
Beijinhos,
Patrícia
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