AS FLORES
Não há ninguém,
não há ninguém que venda
flores
nesta estrada maldita?
E este mar negro
e este céu lívido
e este vento adverso -
oh, as camélias de ontem
as camélias brancas vermelhas risonhas
no claustro de ouro -
oh, a ilusão primaveril!
Quem me vende hoje uma flor?
Eu tenho tantas no coração:
mas presas
em ramos pesados -
mas espezinhadas -
mas murchas.
Tenho tantas que a alma
sufoca e quase morre
sob o enorme amontoado
por oferecer.
Mas no fundo do negro mar
está a chave do coração -
no fundo do negro coração
pesará
até ao anoitecer
a minha inútil colheita
prisioneira -
Oh, que me vende
uma flor - uma outra flor
nascida fora de mim
num jardim verdadeiro
que eu possa dar a quem me espera?
Não há ninguém,
não há ninguém que venda
flores
neste triste caminho?
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