amar
Amar foi durante muito tempo
gravar iniciais adolescentes,
no fuste das tílias.
Era então uma espécie
de idade de ouro do amor.
Mas tive de aprender à minha custa
que amar pode ser tão envolvente
como um polvo:
ama-se em muitas frentes.
Aprendi que amar, entre outras coisas,
é também navegar nas águas da noite
adultamente
sem bússola e sem cautelas,
à proa fugidia dum batel.
E que, em casos mais desesperados,
é ir aos trambolhões de mar em mar.
Tumultuosamente. Sem ser correspondido.
E em chamas, se preciso for.
A. M. Pires Cabral
Sem comentários:
Enviar um comentário